terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Chapeuzinho Vermelho (politicamente correto)

Ctrl+c, Ctrl+v mesmo. Achei bacana e colocquei aqui. Teh!
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Era uma vez uma jovem chamada Chapeuzinho Vermelho que vivia à beira de uma grande floresta com árvores e plantas exóticas num belo exemplo de integração entre utilização natural dos recursos e urbanização. Chapeuzinho Vermelho vivia com sua genitora, à qual ela tinha o hábito de chamar como "mãe". No entanto, a utilização deste termo não implicava que ela trataria com menos respeito outras pessoas com as quais ela não tivesse uma grande ligação biológica. Da mesma forma ela não pretendia denegrir ou menosprezar os valores tradicionais das estruturas familiares. De qualquer forma, Chapeuzinho insiste em registrar que lamenta se alguma destas impressões pejorativas possam ser deduzidas desta estória.

Um dia, a Mãe de Chapeuzinho Vermelho pediu que ela transportasse uma cesta de frutas sem tratamento químico, e água mineral para a casa de sua avó.

- "Mas, mãe, tal iniciativa não seria roubar o trabalho de pessoas sindicalizadas que lutaram anos a fio pelo direito de exercer sua atividade profissional na qualidade de transportadores?"

A Mãe de Chapeuzinho garantiu-a que todas as formalidades já haviam sido providenciadas junto ao sindicato de transportadores e o formulário autorizando esta missão autônoma já estava devidamente carimbado.

- "Mas, mãe, você não está me oprimindo com esta ordem?"

A Mãe explicou-lhe que é impossível que uma mulher oprima outra mulher, posto que todas as mulheres são igualmente oprimidas por uma sociedade machista.

- "Mas, mãe, não deveria ser o meu irmão, na sua condição de opressor, que deveria se encarregar desta tarefa no intuito de aprender a condição de oprimido?"

A Mãe lembrou-lhe que seu irmão estava participando de uma passeata pelos direitos dos animais. Além disto, a tarefa em questão não poderia ser considerada uma típica tarefa feminina, mas sim uma atitude que visava o sentimento de comunhão e companheirismo entre mulheres.

- "Mas, mãe, não estaríamos, então, oprimindo a Vovó, através da mensagem subliminar de que ela esteja velha demais para garantir sua própria subsistência?"

A Mãe lhe assegurou que Vovó não estava doente nem incapacitada nos planos físico e mental, ainda que nenhuma destas condições implicassem considerar alguém inferior a pessoas ditas saudáveis.

Convencida e segura de seus atos, Chapeuzinho Vermelho partiu pela floresta. Várias pessoas consideram a floresta um lugar perigoso, mas Chapeuzinho sabia que este tipo de medo irracional está baseado em paradigmas culturais impostos por uma sociedade patriarcal que encara a natureza como um conjunto de recursos a serem explorados, e, que, por esta razão, acredita que predadores naturais são adversários. Outras pessoas evitavam a floresta por medo de ladrões e de marginais, mas Chapeuzinho acreditava que, numa sociedade justa e não hierárquica, todas as pessoas poderiam exercer seu direito de viver segundo suas próprias regras, sem serem taxadas de "marginais".

No caminho, Chapeuzinho passou por um lenhador e observou algumas flores; porém, momentos após, ela se viu frente a um lobo que lhe perguntou o que ela carregava na cesta. Chapeuzinho, lembrando-se que sua professora havia recomendado prudência quanto a estranhos que tentassem falar com ela, hesitou. No entanto, segura de si e consciente de sua sexualidade, decidiu responder ao lobo:

- "Eu estou levando mantimentos saudáveis para a minha Avó num gesto de solidariedade."

O lobo, então, comentou que não era seguro para uma menina passear pela floresta sozinha.

- "Eu me sinto completamente ofendida pelo seu comentário sexista. Apesar disto eu decidi ignorá-lo por causa do seu status social de excluído. A pressão da sociedade é a verdadeira responsável pelo desenvolvimento deste seu ponto de vista alternativo. Agora, com licença, pois vou retomar o meu caminho".

O lobo, provavelmente devido à sua condição de excluído, pôde adotar um pensamento não-linear, fora dos padrões ocidentais e da moral judaico-cristã, que o levou a utilizar um caminho alternativo para chegar antes de Chapeuzinho à casa da Vovó. Lá chegando, devorou (lato sensu) a Vovó, numa ação afirmativa de sua condição de predador desprovido de escrúpulos. Então, movido por noções rígidas e tradicionais de comportamento, o lobo vestiu a camisola da Vovó e deitou-se na cama, cobrindo moralisticamente todas as suas partes que poderiam denunciá-lo (anatomicamente falando).

Chegando à casa da Vovó, Chapeuzinho sentenciou:

- "Vovó, eu lhe trouxe um lanche gratuito para saudá-la em sua condição de sábia e madura matriarca!"

O lobo respondeu suavemente:

- "Venha cá, minha netinha para que eu possa te ver ..."
- "Nossa! Vovó, que olhos grandes que você tem!"
- "Você esquece que eu tenho certas deficiências visuais totalmente compatíveis com minha idade, apesar disto não afetar em nada minha capacidade ou qualificação como ser humano é válido para a sociedade."
- "E Vovó, que nariz enorme você tem ..."
- "Naturalmente, eu poderia ter mudado isto, mas resolvi não ceder às pressões sociais da estética e do consumismo."
- "E Vovó, que dentes afiados você tem ..."

Nisso, o lobo, não agüentando mais o proselitismo da discussão e numa típica reação de seu meio social, saltou da cama pegando Chapeuzinho, abrindo a bocona... Chapeuzinho, reconhecendo o lobo, retorquiu:

- "Eu creio que você está esquecendo de me pedir permissão para aumentar o nosso nível de intimidade."

O lobo, surpreso, ficou sem ação e, neste momento, o lenhador entra pela porta agitando seu machado:

- "Não se mexa!"
- "O que você pensa que está fazendo?" Perguntou Chapeuzinho. "Se eu lhe deixo me ajudar agora, eu estarei expressando uma falta de confiança em mim mesma e em minhas capacidades - o que causaria uma tremenda falta de auto-estima que poderia se refletir inclusive no meu desempenho escolar."

Porém, o lenhador não se intimida e responde:

-"Última chance baby, afaste-se desta espécie protegida, eu sou um agente credenciado do IBAMA".

Como Chapeuzinho não considerou fundamentada a imposição imperialista e policial, o lenhador, num movimento seco, deu uma machadada certeira na contraventora.

- "Ainda bem que você chegou a tempo!" - disse o lobo aliviado.
- "Esta jovem e sua Avó haviam me capturado nesta ideologia de violência".
- "Não." - diz o lenhador - "A verdadeira vítima aqui sou eu, que tive que lidar com minha raiva profunda e encarar de frente todos os meus fantasmas. E ainda vou ter que lidar com o imenso trauma de ter tido contato com uma parte violenta da minha essência, para a qual minha formação pessoal não estava preparada a enfrentar".
- "Eu sinto sua dor", condescendeu o lobo.

E os dois se abraçaram fraternalmente.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Algumas informações sobre Portinari

Cândido Portinari (1903-1962)

Cândido Portinari nasceu em uma fazenda de café em Brodowski, no interior do Estado de São Paulo. Seus pais eram imigrantes italianos.

O pintor é o segundo de doze irmãos.

Seu apelido era Candinho.

O artista só cursou o primário.

Certa vez, quando ainda estava na escola, Portinari desenhou um leão em sala de aula. A obra foi tão comentada entre professores e alunos que ele foi obrigado a desenhar a capa de todas as provas que seriam expostas no final de ano.

Aos 9 anos pintou o teto da igreja de sua cidade.

O nome mais popular da arte brasileira criou cerca de 4.500 obras em 40 anos de trabalho.

O artista costumava aumentar o tamanho do corpo de seus personagens para valorizar o trabalhador brasileiro.

Pintou temas de denúncia social, mas também se dedicou a temas líricos. Só deixou de pintar por causa da intoxicação causada pelas tintas.

Seus painéis para a igreja da Pampulha criaram um batalha político-religiosa centrada no São Francisco pintado por Portinari, considerado extravagante e anti-religioso. A igreja foi inaugurada em 1945, mas ficou fechada durante 14 anos.

Em 1956, Cândido Portinari pintou os murais Guerra e Paz para a sede da ONU, em Nova York.

Ele foi o único artista brasileiro a participar da exposição 50 Anos de Arte Moderna, no Palais des Beaux Arts, em Bruxelas, em 1958.

Entre os trabalhos de Portinari no exterior estão os três grandes painéis para a Feira Mundial de Nova York (1939) e os quatro painéis para a Biblioteca do Congresso (1942), em Washington. Ele também realizou uma exposição individual no MoMA, em Nova York (EUA), uma exibição na Galerie Charpentier, em Paris (França), e uma mostra itinerante em Israel.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Algumas frases de Umberto Eco sobre a leitura

Umberto Eco (Alexandria, 5 de janeiro de 1932) é um escritor, filósofo e lingüista italiano. Eco é mundialmente reputado por seus diversos ensaios universitários sobre a semiótica, a estética medieval, a comunicação de massa, a lingüística e a filosofia.

É, também, titular da cadeira de Semiótica e diretor da Escola Superior de Ciências Humanas na Universidade de Bolonha, além de colaborador em diversos periódicos acadêmicos, colunista da revista semanal italiana L'Espresso e professor honoris causa em diversas universidades ao redor do mundo. Eco é, ainda, notório escritor de romances, entre os quais O nome da rosa e O pêndulo de Foucault.

"Eu definiria o efeito poético como a capacidade do texto de continuar a gerar diferentes leituras, sem jamais ter sido completamente consumido."

"Livros não foram feitos para serem acreditados, e sim para serem postos em dúvida."

"O bom de um livro está em ser lido. O livro é feito de signos que falam de coisas. Sem ter um olho para entendê-los, um livro contém signos que não produzem conceitos; por isso é mudo."

"Um livro é uma criança frágil, sofre o desgaste do tempo, com os roedores, os elementos e as mãos desastradas... Então o bibliotecário protege os livros, não apenas contra a humanidade, mas também contra a natureza, e devota sua vidaa esta guerra as forças do esquecimento."

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Frases de Dexter.

Dexter é uma série que narra a vida de um Serial Killer incomum. Mesmo não tendo assistido à série, li e gostei das frases.
Bem interessantes... rs


“Rita vai ficar arrasada se eu for preso. Seu marido era um viciado e seu namorado é um serial killer. É difícil não levar pro lado pessoal.”

“O FBI estima que existam menos de 50 serial killers em atividade nos EUA hoje. Não fazemos reuniõezinhas em convenções,não compartilhamos segredos do trabalho ou trocamos cartões de natal. Mas às vezes me pergunto como deve ser para os outros. O único som que escuto…O único som no mundo inteiro…É o meu coração batendo.”

“Não existem segredos na vida. Apenas verdades escondidas… que ficam sob a superfície!”

“Sangue. Algumas vezes me deixa com a boca seca. Em outras ajuda a controlar o caos.”

“Digamos que eu não seja apenas um rapaz que mora ao lado.”

“Eu não sou o monstro que ele quer que eu seja. Então não sou homem, nem animal. Sou algo inteiramente novo. Com minhas próprias regras.Sou Dexter”

“As pessoas fingem muitas das interações humanas, mas me sinto fingindo todas… E as finjo muito bem!”

“Posso matar um homem, desmembrar seu corpo,e chegar em casa a tempo para ver o Letterman…Mas não sei o que dizer quando minha namorada está se sentindo insegura.”

“Se eu tivesse um coração, ele estaria partido agora.”

”Ela é casada com um monstro e nem sabe disso… nem deve conhecê-lo de verdade… talvez esse seja o segredo de um bom relacionamento duradouro”

“Eu nunca me importei muito com o conceito de inferno… Mas se ele existe, eu estou nele”

“Nada como alguns biscoitos e um novo oponente à altura pra espairecer”

“Graças a Deus pelos banhos! Uma hora particular para pensar…O que é difícil agora que estou num relacionamento de verdade”

“Uma jarra de sangue. Dramático. Enigmático. Divertido.”

“Doakes sempre suspeitou que eu escondia algo. Agora ele sabe. A dança do meu diabo com o seu demônio no túmulo do violinista está longe de acabar.”

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

A cura de Schopenhauer

Lendo o livro A Cura de Schopenhauer, percebi que gostei de um livro que achei que não fosse gostar. Mas achei o filósofo Schopenhauer muito chato, pelo menos para mim foi assim que eu o vi. Vou colocar uma micro-parte do livro aqui.

" Ao ler seus escritos, podemos fazer um manifesto da misantropia com regras de conduta pelas quais deveríamos nos pautar. Imagine como Schopenhauer, apoiando este manifesto, se sentiria num grupo de terapia hoje!

. Nao conte a um amigo o que seu inimigo não pode saber.

. Considere todos os assuntos pessoais como secretos, e mantenha-se distante até de amigos próximos. (...) Se os fatos mudarem, saber de algo, por mais inofensivo, a seu respeito será desvantagem para você.

. Metade da sabedoria consiste em não gostar nem odiar. Ficar calado e não acreditar em nada é a outra metade.

. A segurança é a mãe da desconfiança (provérbio francês, que ele endossava).

. Esquecer os defeitos de um homem é como jogar fora dinheiro que se custou a ganhar. Devemos nos proteger da familiaridade e da amizade idiotas.

. A única forma de um homem se manter superior aos demais é mostrar que não depende deles.

. Desconsiderar é ganhar consideração.

. Se temos alguém em alta consideração, devemos esconder tal fato como se fosse um crime.

. Melhor deixar que os homens sejam como são do que acreditar no que não são.

. Jamais devemos demonstrar raiva e ódio, a não ser nas ações. (...) os animais de sangue frio são os mais venenosos.

. Se você for educado e simpático, as pessoas ficam dóceis e obedientes. Assim, a polidez faz com a natureza humana o mesmo que o calor faz com a cera. "


Mas tem uma frase dele com a qual concordo e há vários anos coloquei em prática (claro que as vezes tive que ser educado e simpático). A frase dele é: "é melhor não dizer nada do que ter um diálogo estéril e burro em conversas com os bípedes"... mas a minha frase era um pouco mudada: "é melhor não dizer nada do que ter um diálogo estéril e burro."